segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um recuperando da APAC pergunta: onde está o erro?

"Após 3 anos e 10 meses de prisão e alguns meses que ganhei de remição com o meu trabalho, completava-se ai os dias para uma possível progressão de regime para o semi-aberto, quero dizer sair do fechado e ir para um regime menos rigoroso que me daria o direito de sair para trabalhar e retornar para dormir. Sabendo deste direito, fiz os pedidos a direção da APAC onde cumpro pena, pedi ao advogado para acompanhar todo o processo, que assim foi feito em mais ou menos 30 dias. Momento em que no dia 18/05/2011 chegou para mim a progressão e também uma autorização do juiz da comarca dando direito a saida autorizada que é um direito de todo preso que cumpre pena em regime semi-aberto. São 35 dias de saída por ano. Isto funciona de acordo com as normas do sistema prisional, que na APAC é de três ou dois dias por mês, enquanto que na maioria é: saidade de sete dias de dois em dois meses.
Com isto, comuniquei a minha familia, esposa, filhos, irmãos e mãe que no dia 20/05/2011 as 8:00 hs eu estaria tendo uma oportunidade de sair por três dias e viver alguns momentos tão esperado pela familia de todo preso. Nisto minha esposa se deslocou de Ubá, cidade vizinha que fica a uns 80 km de Viçosa, onde está cuidando de um dos nossos filhos que se encontra com a saúde debilitada. Os que moram em Viçosa ligaram para a APAC avisando que me apanhariam no portão no horário combinado. Arrumei todas as minhas coisas no dia 19/05/2011 até as 18:00 hs. Mas quando chega mais ou menos 19:00 hs, alguem toca a campainha da APAC solicitando a presença do gerente que no momento estaria me passando as informações dos procedimentos do regime que eu estaria indo. Ao gerente, ao atender, recebe das mãos de um agente da policia civil, um mandato de prisão de 2008, em meu nome.
No momento foi como se recebesse em cima da cabeça um balde de água gelada, foi o maior susto, cheguei a ficar em shoc, mas ao ler com calma descobri que não devia nada a justiça que viesse a tirar-me o direito de receber o benefício. Enquanto isto, a minha familia me aguarda chorando lá fora, e eu aqui dentro triste, por ter pago tudo que a justiça me cobrou ate o momento. E meu direito ser violado quando mais precisei. Onde está o erro?"

- Texto escrito por um dos recuperandos no dia 20/05/11.

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